Programas voltados ao empreendedorismo impulsionam a inovação na região de Campinas

Programas voltados ao empreendedorismo impulsionam a inovação na região de Campinas

Programas realizados pelas instituições de ensino e pesquisa e o trabalho das aceleradoras e hubs junto às empresas de base tecnológica exercem papel estratégico no fortalecimento da região de Campinas como um polo inovador. Isso porque, com essas iniciativas, torna-se possível viabilizar a transferência de tecnologias desenvolvidas nas universidades e instituições no mercado e, por fim, na sociedade. Com uma densidade tecnológica que se destaca em relação a outros hubs pelo mundo, o desafio atual é ampliar a divulgação dos resultados alcançados e do potencial da região.

O tema foi abordado no primeiro webinar de 2021 realizado pela Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCi), no último dia 27 de maio, e que contou com a participação de instituições como a Agência de Inovação Inova Unicamp, PUC-Campinas, Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Embrapa Informática Agropecuária, além das aceleradoras e hubs: Baita, Venture Hub e Campus Agibank.

 

As ações apresentadas incluem desde projetos para estímulo ao empreendedorismo a estudantes nas universidades, passando por programas de aceleração a startups e spin-offs até consórcio para pesquisas compartilhadas entre grandes empresas.

“O que nós queremos é trabalhar cada vez mais com base na economia do conhecimento. A Fundação tem linhas principais de atuação e, uma delas, é a difusão e promoção da ciência, da tecnologia, da inovação e do empreendedorismo. Este evento foi criado dentro deste contexto”, afirmou o presidente da FFCi e diretor do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, Eduardo Gurgel do Amaral. 

A gerente da incubadora da Unicamp (Incamp) e do Parque Científico e Tecnológico, Mariana Zanatta Inglez, apresentou as ações realizadas pela Universidade que abrangem desde o estímulo ao empreendedorismo na graduação e pós-graduação até programas de incubação. “Hoje chamamos de Jornada Empreendedora as iniciativas que promovem e fomentam o empreendedorismo acadêmico, de forma que as pesquisas geradas na Universidade possam sair em um formato de novas empresas e novos negócios”

Umas das iniciativas é a disciplina AM037 oferecida aos estudantes com o objetivo de sensibilizá-los e incentivá-los para o empreendedorismo. Outra ação é o Desafio Unicamp, uma competição de modelo de negócios para estimular que as patentes da Universidade possam se transformar em novas empresas, as chamadas spin-offs. 

Outra atividade da Unicamp são orientações para submissão de projetos dentro do PIPE, programa da Fapesp que apoia a execução de pesquisa científica ou tecnológica em micro, pequenas e médias empresas no estado de São Paulo.

Mariana também apresentou os trabalhos de capacitação realizados pela Incamp para empreendedores aprimorarem seus modelos de negócios. Ao todo, a Incamp tem hoje 17 empresas incubadas e 55 spin-offs foram originadas na Unicamp. “De fato queremos cada vez mais promover que tecnologias da Universidade se tornem empresas de sucesso de mercado.”

Com uma iniciativa recente, o professor da PUC-Campinas Tomas Guner Sniker apresentou o Espaço Mescla que acomoda as iniciativas de inovação e empreendedorismo na Universidade. “A PUC passa  por uma série de reformulações para se tornar uma instituição cada vez mais dirigida pela inovação”, afirmou.

O Espaço, inaugurado no começo de 2020, não é restrito somente aos alunos e será aberto à comunidade quando houver segurança sanitária devido à pandemia. Conta com coworking – um local colaborativo e atualmente com  iniciativas online – e com o Laboratório de Fabricação Digital. 

O local faz parte do Programa Mescla, que prevê ações com orientações para projetos na área de inovação e empreendedorismo, cursos, workshops e palestras. Também é realizada a mostra “Motiv.se” para exposição de trabalhos realizados na Universidade por meio de pitches e onde são selecionados os projetos para aceleração. Já o aluguel de espaços no coworking visa uma aproximação da PUC com as startups.  “O Espaço Mescla passa por expansão e o objetivo é ser uma grande área de cocriação”, afirmou Sniker. 

Iniciativas conectam ICT’s e empresas

Relevantes instituições de pesquisa como a Embrapa e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, possuem importantes projetos para conexão com empreendedores e grandes empresas.

No ITAL, uma das iniciativas são os acordos de cooperação para PD&I que prevêem o compartilhamento de áreas laboratoriais com empresas que cooperam em projetos de pesquisa em parceria com o instituto. “A experiência é muito positiva, pois conseguimos uma interação eficiente e obtido bons resultados por meio da troca entre a equipe do ITAL e empresas jovens”, afirmou Gisele Camargo, vice-diretora do ITAL.

Outra ação de estímulo à inovação é a formação de Consórcios Pré-Competitivos de Pesquisa e Inovação, que constituem grupos de ICTs e empresas, apoiados pela Fapesp, voltados para o avanço do conhecimento em torno de um problema em comum. “É um projeto grande para desenvolver o setor de alimentos por meio de um modelo que já funciona em outros locais do mundo. Com isso, compartilhamos os custos e riscos das pesquisas”. 

Outra iniciativa, o TechStart Food Innovation, é um programa de aceleração de startups com foco em soluções para os desafios da cadeia produtiva. Segundo Gisele, com a interação foi possível criar um ambiente mais inovador. “O ITAL espera transformar para atender o empreendedorismo e ter um cenário cada vez mais avançado para alimentos e bebidas”, concluiu.

No setor do agronegócio, a inserção de tecnologias ganha cada vez mais espaço e tem se tornado essencial para o desenvolvimento da área. Dado que o cenário nacional é composto por 95% de pequenos e médios produtores rurais, a Embrapa tem dado atenção para a geração de conhecimento que também atenda aos desafios deste público.

Duas iniciativas de destaque são o AgroAPI, que agrega informações e modelos gerados em que empresas podem utilizar o legado de 48 anos de pesquisa da Embrapa, e o programa de aceleração TechStart Agro Digital com mentoria para startups e pequenos e médios produtores. 

Entre as novidades estão o AgNest, primeiro laboratório vivo de fazendas na região de Campinas para fomento da inovação no campo, e o AgroHub de Inovação em São Paulo, uma área de agricultura digital que envolve instituições de Campinas, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto.

“A Embrapa tem atuado como empresa pública visando ser um grande facilitador deste sistema, pois é muito procurada por grandes empresas e startups”, afirmou  Silvia Massruhá, chefe geral da Embrapa Informática Agropecuária.

Aceleradoras e Hubs apontam oportunidade e desafios 

Um dos principais desafios apontados pelas aceleradoras e hubs é a necessidade de dar visibilidade aos resultados e ao potencial da região de Campinas, além de maior investimento. Com isso, será possível atrair cada vez mais empresas inovadoras e reter talentos. “Temos uma das maiores densidades tecnológicas do planeta com tantas instituições relevantes concentradas em um raio tão pequeno, mas entendemos que ainda falta investimento, principalmente de aceleradoras”, afirmou o José Azarite, VP de Corporate Innovation do Venture Hub e VP de Marketing da FFCi.

Para a cofundadora da Baita Aceleradora, Rosana Jamal Fernandes, um dos desafios é dar mais celeridade entre a ciência e a inovação, com definição melhor do papel dos atores do ecossistema. “Acho que esse pulo está faltando de forma mais consistente. Há um modelo que funciona, mas que precisa de maior consistência, rápida e imediata no mercado”. 

O reconhecimento do potencial desse ecossistema foi um dos motivos que levou o banco digital Agibank a escolher Campinas como sede para a nova fase da empresa. “Estamos impressionados com o ambiente pró-negócio criado em Campinas. Existem outros ecossistemas com mais visibilidade, mas que não conseguem entregar, em nível de coordenação, o que se entrega aqui”, afirmou o sócio da empresa, Fernando Castro.

O Agibank conta com uma plataforma de conexão e colaboração com o ecossistema. Nela, há ações voltadas para startups em fase de ideação para o empreendedor que tenha ideia em sinergia com a empresa. Também há espaço para startups em fase de tração para usufruir do conhecimento, expertise, networking e smartmoney do Agibank, além do espaço físico no campus em Campinas para que haja troca sobre estratégia de negócio. Há também a possibilidade das startups obterem relações comerciais e investimento de capital. 

Sobre a FFCi

A Fundação Fórum Campinas inovadora (FFCi) é uma entidade que reúne 22 instituições de pesquisa e ensino, indústria e poder público. Tem como objetivo criar ações para promover, fortalecer e ampliar a ciência, tecnologia e inovação (CT&I), contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico da região de Campinas. Criada oficialmente em 2002, como consequência do trabalho iniciado pelos dirigentes de 11 renomadas instituições de ensino e pesquisa, em 2015 passou a integrar novos participantes representantes do setor empresarial e governamental. Esta configuração visa promover interação, articulação e alinhamento entre os membros para que o conhecimento produzido ultrapasse as fronteiras das universidades e institutos de pesquisa, gerando inovação, competitividade e desenvolvimento socioeconômico sustentado na região.

Assista o vídeo na íntegra:

 

Assessoria de Imprensa Fundação Fórum Campinas Inovadora

Contato: Bruna Mozer

comunicacao@forumcampinas.org.br