Interdependência, Ciência, Tecnologis e Inovação e a Região de Campinas

Campinas: metrópole de alta tecnologia, inovação e do conhecimento

O patrimônio da Ciência, da Tecnologia e da Inovação em Campinas: gerando interação com conscientização e criando pontes para o futuro.


A metrópole de Campinas é considerada um Polo de Alta Tecnologia devido à concentração, ímpar no país, de Instituições de ensino e de pesquisa científica e tecnológica que abriga em seu território. O germe desse desenvolvimento, quando a Ciência ainda engatinhava no Brasil, encontra-se na história da região, em suas origens desde o período da instalação dos engenhos de cana-de-açúcar na segunda metade do século XVIII, conhecido como “a onda verde”, que modificou o panorama econômico e social da região, criando estruturas viárias, desenvolvendo o comércio e conformando a primeira elite agrária local, até o surgimento do ciclo econômico seguinte definido pela cultura do café.

A economia cafeeira foi responsável pelo desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo, promovendo a chegada das estradas de ferro a partir de 1872, como a Companhia Paulista de Estradas de Ferro ligando Campinas a Jundiaí, e a Companhia Mogiana conectando a cidade ao sul de Minas Gerais, e assim garantindo o escoamento do café para o porto de Santos e para o interior. Igualmente, houve o desenvolvimento fabril, com a mecanização aplicada ao beneficiamento da produção cafeeira, e posteriormente a outras culturas agrícolas, como o algodão.

Antes mesmo da Proclamação da República em 1889, já havia sido inaugurada em Campinas por Dom Pedro II, em 1887, a Imperial Estação Agronômica, atual Instituto Agronômico de Campinas-IAC. A cidade teve representantes ativos na instalação do novo regime, e foi contemplada com a instalação de uma das primeiras casas de pesquisa agronômica brasileira, com o objetivo de solucionar os problemas existentes na cultura do café. Era necessário descobrir, por meio das pesquisas, os métodos e técnicas para a expansão da produção de café de forma integrada ao uso racional do solo.

Maquete da Fábrica Lidgerwood de máquinas agrícolas (1884), Museu da Cidade, Campinas, SP. - Crédito: Isabela Cristina Salgado, 2018.
Maquete da Fábrica Lidgerwood de máquinas agrícolas (1884), Museu da Cidade, Campinas, SP.
Crédito: Isabela Cristina Salgado, 2018.

Por estar na zona cafeeira e possuir grandes possibilidades de crescimento, Campinas foi a cidade escolhida para a instalação da nova Instituição, inspirada nas agências agronômicas europeias. Com a crise do café na década de 1930, incorporou-se o beneficiamento do algodão nas instalações fabris existentes, bem como o processamento mecanizado de outras culturas, e a cidade vai assumindo, gradativamente, um perfil mais industrial. Juntamente com o crescimento da cidade, a migração se torna um fator de destaque: entre 1950 e 1990, o território de Campinas aumenta quinze vezes de tamanho e sua população cerca de cinco vezes.

A partir de meados da década de 1960, Campinas absorve o fluxo originado pela desconcentração industrial da metrópole de São Paulo. Empreendimentos estatais na área de pesquisa e tecnologia foram direcionados para a região, com a implantação de importantes empresas nos setores de informática, telecomunicações, energia e eletrônica, cuja contribuição foi decisiva para a consolidação do processo de interiorização e de modernização da indústria paulista. A natureza metropolitana da antiga região administrativa se consolida, bem como a identificação de Campinas como polo científico e tecnológico, destacando-se, nessa perspectiva, alguns importantes marcos históricos como: 1966 = criação da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP; 1972 = inauguração da Refinaria de Paulínia-REPLAN e atribuição da láurea de Pontifícia à Universidade Católica de Campinas pelo Papa Paulo VI, atual PUC-Campinas; 1975 = instalação da EMBRAPA Pecuária Sudeste em São Carlos; 1976 = instalação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações-CPqD, criação do Departamento de Eletrônica Quântica no Instituto de Física da UNICAMP  e da Informática de Municípios Associados-IMA; 1982 = instalação do Centro de Tecnologia para a Informática-CTI; 1985 = criação da EMBRAPA Agricultura Digital, no Campus da UNICAMP; 1986 = criação da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas-CIATEC, com o propósito de estimular a implantação de polos de tecnologia no Município; 1987 = criação do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron-LNLS pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq; 1989 = criação da EMBRAPA Monitoramento por Satélite, atual EMBRAPA Territorial.

Vista aérea do Campus da Universidade Estadual de Campinas em 1976. - Crédito: Acervo SIARQ/UNICAMP.
Vista aérea do Campus da Universidade Estadual de Campinas em 1976.
Crédito: Acervo SIARQ/UNICAMP.
Cartão indutivo e telefones criados pelo CPQD. - Crédito: Acervo de fotos históricas do CPQD, Campinas, SP.
Cartão indutivo e telefones criados pelo CPQD.
Crédito: Acervo de fotos históricas do CPQD, Campinas, SP.

No bojo de um movimento de metropolização de várias aglomerações urbanas, intensificado no Brasil a partir de meados dos anos 1970, cria-se em junho de 2000 a Região Metropolitana de Campinas-RMC pela Lei Complementar Estadual de São Paulo nº 870. Hoje composta por 20 municípios, conta com uma população em torno de 3 milhões de pessoas, e tem como diferencial renomado o PIB per capita elevado, que suplanta o patamar nacional e o do próprio Estado de São Paulo. O Município de Campinas, sede da RMC, registrou população de 1.138.309 habitantes no último censo do IBGE (2020), e é considerado o terceiro parque industrial do Brasil, com quantidade expressiva de startups e incubadoras de empresas de base tecnológica. À parte a relevante coletânea de dados estatísticos, a posição conquistada pela metrópole campineira como região produtora de bens e conhecimento tem sua força motriz naquilo que parece ser o passaporte para o futuro, a inovação, ou seja, o resultado da transformação do conhecimento em algo efetivamente útil para a sociedade, seja uma tecnologia, um produto ou um serviço, e que para além desse benefício, gere também emprego e renda.

As pesquisas científicas que proporcionam modernizações tecnológicas são, assim, processos que impactam significativamente na organização dos espaços, na economia, na ordem social, no mercado de trabalho, e em todos os demais aspectos da vida coletiva. Portanto, para que a metrópole de Campinas permaneça efetivamente reconhecida como um polo de inovação em caráter abrangente, essa intenção deverá se expressar continuamente nos planos, projetos e ações voltadas ao seu desenvolvimento, as quais considerem, absolutamente, todos os desdobramentos econômicos, ambientais e sociais. E que se estendam a toda a comunidade, respeitando sua heterogeneidade, com vistas a ser exemplar, uma referência enfim, de um bom e ideal lugar para se viver o futuro.

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